Indecisão e expectativa

Os empreendedores são tidos como pessoas sempre certas de si e de suas atitudes. São tidos como pessoas impetuosas, corajosas, para quem não há limites. Grande engano. Empreender, principalmente em um país como o Brasil, com tamanha burocracia e entraves, os mais variados, é muito difícil.

Empreendedores passam por momentos de indecisão e expectativa também

Empreendedores passam por momentos de indecisão e expectativa também

Ser empreendedor no Brasil é, sim, ser corajoso. Enfrentar não somente as questões apontadas no parágrafo acima, mas também a desconfiança da sociedade, da família, que tem, por vezes, os empreendedores como loucos varridos, que abrem mão da estabilidade do emprego, do 13º salário, e, até, das férias, pela incerteza, pela instabilidade.

Em alguns casos, até se ouve a seguinte proposta: “Faça um concurso público, é seguro”. Pode até ser seguro, mas não para um empreendedor. É enfadonho, burocrático, vagaroso. Um empreendedor, com seu espírito aventureiro e inquieto tornar-se-ia um vegetal no serviço público, em que praticamente, não há espaço para a criatividade e a independência na tomada de decisões, duas das principais razões que levam uma pessoa a empreender.

Algumas vezes, os empreendedores passam por momentos de indecisão e expectativa também. Que rumo tomar com a empresa? Manter aberta? Procurar emprego? Dizer que desisti? Reconhecer que perdi? Não são momentos tranquilos da vida de um empreendedor. Um profissional contratado não pensa muito se troca de emprego ou não, mas um dono de empresa, em um país em que falência é sinônimo de burrice e não de aprendizado, é difícil.

Nem sempre uma pessoa é empreendedora ou dono de empresa para sempre. Às vezes ela cansa e tem que tomar uma decisão. Isso tira noites de sono – acreditem, mais do que para pagar o 13º dos funcionários – e pode levar, inclusive, a problemas psicológicos e depressão profunda.

Por muito menos, pessoas (funcionários) pedem demissão, afastamento, tratamento psicológico. O empreendedor, não. Ele enfrenta mais estes problemas, quase que diariamente. E deve seguir em frente. “Move on” é a regra. Repensar, reformatar, replanejar. Não se pode desistir, não se pode “entregar o ouro”.

Mas, se a decisão é largar, integrar seu sonho a um outro, deve ser encarada com a naturalidade necessária e, da mesma forma, seguir em frente. O que precisa mudar é a percepção da sociedade e dos recrutadores de plantão. Uma pessoa que teve a experiência gerencial pode, sim, preencher espaços estratégicos em outras empresas, trazendo mais uma visão e auxílio à tomada de decisão.

É grande a expectativa sobre os ombros dos empreendedores deste país, bem como o fardo burocrático e tributário, que, por muitas vezes, os levam às indecisões e, empreendedores não são seres especiais. Somos pessoas, como você e muitos outros. E, às vezes, precisamos de um tempo para refletir sobre nossa vida e nosso futuro também. Assim como qualquer outro ser do planeta, vivemos de oportunidades, seja como pessoa física, seja como pessoa jurídica. E devemos aprender a encontrá-las e aproveitá-las quando surgem.

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Publicado originalmente no Farol Comunitário