Desde março de 2020 venho realizando análises de números de casos, óbitos e recuperados pela COVID-19 no mundo, em Santa Catarina e em Joinville, onde resido e sempre me pergunto: até quando esperar?
A partir desta semana, passei a realizar a análise de forma semanal, verificando somente uma vez por semana, às segundas-feiras, o crescimento dos números, pois a tarefa diária estava me ocupando tempo e não estou tendo retorno nenhum para realizar esse levantamento e nem tenho intenção de publicar um artigo científico ou o que o valha ao final (se é que haverá um final).
Aqui, agora, seguem alguns comentários sobre as análises realizadas sobre as informações coletadas até aqui, principalmente no tocante ao crescimento do número de casos.
Em valores globais, o número de casos, continua subindo, sem expectativa de desaceleração e, cada vez mais, o valor de uma semana é maior que o da semana anterior, com valores coletados a partir do dashboard disponibilizado pela Johns Hopkins University. A única desaceleração que houve foi em ABRIL (mais para uma estabilização no crescimento semanal, em torno de 500 mil novos casos/semana). A partir dali, disparou e, neste momento, o patamar está beirando 1.800.000 novos casos semanais, já tendo sido contaminadas um total próximo de 16.200.000 pessoas no mundo.
Penso que as grandes questões são: “Quando essa curva cairá?” e/ou “Quando não haverá mais contaminados?”. A resposta veio de uma conversa que tive com minha esposa, que, engenheira química que é, lembrou das taxas de saturação em ambientes controlados, como o desenvolvimento de vinhos e vinagres.
Explicou ela que os microrganismos somente param de se multiplicar quando o ambiente não os permite mais progredir, quando a taxa de saturação está em tal nível que não há mais para onde progredir ou que o processo seja interrompido por interferência externa.
No caso do COVID-19, continuará se alastrando, não importando os governos municipais, estaduais, federais, a ONU, a OMS ou o quem quer que seja queira ou não – apesar de as iniciativas de controle, divulgação e isolamento tomadas serem válidas -, até que atinja a saturação em que a estimativa da “imunidade de rebanho” ocorra quando 60-80% da população estiver contaminada/infectada (crescimento natural) ou seja desenvolvida uma vacina que interrompa o processo.
Há uma terceira linha de raciocínio que parte de a população tomar ciência que as medidas protetivas e de isolamento são para achatar ou, até mesmo, eliminar a curva, pois não havendo novos casos, estanca-se a sangria, o alastramento da doença, o fator gerador, no que podem contribuir enormemente as autoridades municipais, estaduais, federais e mundiais. Não estou aqui dizendo que o trabalho está sendo bem ou mal feito, só que precisa ser feito.
Por que, lamento informar, esse crescimento ainda tem muito “campo” para ocorrer, pois comparando dados das populações dos continentes com o número de contaminados neles, obtêm-se as seguintes proporções, a partir de informações coletadas no Google (população dos continentes) e no site Wordmeters.info (número de contaminados/infectados total): Europa, 0,376% da população contaminada; América do Norte e Central, 0,784%; Ásia, 0,088%; América do Sul, 0,846%; África, 0,070%; e Oceania, 0,046%. No mundo todo, a porcentagem da população atingida pelo COVID-19 é de meros 0,218% da população. No Brasil, essa porcentagem é de 1,156%; em Santa Catarina, 1,022%; e, em Joinville, 1,372%, quer dizer, maiores que a média da América do Sul.
COVID-19: até quando esperar?
O que esses números querem dizer? Querem dizer que ainda há 99,882% da população NÃO contaminada/infectada.Que ainda há muita população nestes continentes para ser contaminada, caso as medidas protetivas da população não continuem sendo estritamente seguidas ou se crie uma vacina.
O que não dá para confiar é na criação de soluções milagrosas, na adequação do sistema de saúde (seja público ou privado) para atender todos os que podem vir a ser contaminados ainda ou em coquetéis medicamentosos que, quando cientificamente testados, possuem a mesma eficácia de placebos, conforme estudos disponibilizados na semana passada.
Claro que há pessoas com sistemas imunológicos mais consistentes, que não sofrerão os mais fortes impactos da doença, assim como para outras epidemias e doenças, os tais assintomáticos, que nem entrarão nas pesquisas, mas você quer apostar a sua vida e a dos seus próximos sendo o “valentão” da turma?
O que é possível fazer é analisar o que foi realizado nos países em que a curva de novas contaminações foi controlada e aplicar pontualmente no Brasil, na medida em que, nos estados e municípios, as curvas comecem a subir. Não dá para aplicar no país como um todo de uma vez só. É preciso agilidade e assertividade por parte das autoridades locais (municípios) e complacência, apoio e anuência da esfera federal.
Desta forma, a vida continua, não obrigando a todos a esperar o desenvolvimento de uma vacina, mantendo todos os negócios fechados. Negócios esses que já estão adotando medidas protetivas com relação aos seus colaboradores, clientes e consumidores. O que parece não estar havendo é a colaboração da população em tomar as medidas protetivas e das autoridades em apoiar e incentivar. Pelo jeito, querem esperar a taxa de contaminação se aproximar da saturação, que não se sabe qual seria… talvez 60%, quem sabe, 80%…
E, daí, as consequências podem ser muito piores.
Se você tiver alguma sugestão, opinião ou dúvida, você pode entrar em contato pelo formulário de contato, pelo WhatsApp ou enviar um e-mail diretamente para site@marciokarsten.pro.br.
Não fazia ideia de que a proporção de contaminados em nível mundial ainda estava na faixa de 1%! No caso do Brasil se, com essa proporção, já nos aproximamos nesta data de 90 mil mortos, podemos projetar de 2 a 5 milhões de mortes caso a contaminação atinja 50% da população… Números impensáveis.
Obrigado pela colaboração, Alexei, sempre pontuais e importantes.