É hora de planejar?

Inicia-se o segundo semestre, momento em que a maioria das empresas começa a pensar no planejamento estratégico para o ano que se aproxima, que provavelmente será elaborado em um final de semana, fora das instalações – em um hotel – com alguns elementos da equipe da empresa (dependendo do tamanho da empresa, toda a equipe).

Planejamentos podem ser elaborados em qualquer mês do ano. Aproveite as variáveis, os horários vagos, a época de baixa sazonalidade. Não sature sua equipe

Planejamentos podem ser elaborados em qualquer mês do ano. Aproveite as variáveis, os horários vagos, a época de baixa sazonalidade. Não sature sua equipe

A introdução acima faz o planejamento estratégico ser uma grande festa envolvendo a equipe da empresa (ou alguns de seus integrantes), para resolverem, em discussões vigorosas, o destino da empresa. Não se engane por ele, apesar de ser o modelo tradicionalmente adotado por várias empresas para elaborar seu planejamento estratégico.

OK. Vamos analisar algumas partes daquela introdução e tentar minimizar seus maléficos efeitos. Vamos às verdades.

Primeira questão: elaborar o planejamento estratégico em um final de semana não é o mais indicado, por algumas razões. Eis algumas: a equipe envolvida na elaboração já está saturada com os assuntos da empresa e, sem tempo para descansar, tornará o clima ruim ou festivo demais para se tomar as decisões corretas que a empresa precisa. Com alto grau de certeza, os consensos serão feitos para agradar a diretoria, não pensando no que realmente seria melhor para a empresa.

Além disso, um final de semana, dependendo do caso, é pouco tempo, pensando que, a equipe não está toda reunida e pensará exclusivamente no planejamento estratégico – a menos que o diretor tenha muita sorte e chova muito (mas muito mesmo) durante este período. As pessoas quererão momentos de lazer e diversão também.

Segunda questão: estar fora das instalações da empresa implica em não ter informações suficientes para embasar as decisões, a não ser que se tenha um sistema informatizado de última geração e sabedoria para acessá-lo. Ou, em último caso, um trabalho árduo de seleção de informações, elaboração de relatórios e impressão de páginas e páginas de documentos, que podem não ser os pertinentes, trabalho realizado, então, em vão – o que é desestimulante aos envolvidos.

Porém, estas ainda são questões pequenas. A pior questão que envolve a descrição da introdução do texto é a referente à elaboração do planejamento estratégico no segundo semestre. Não que não seja indicado. Mas é errôneo pensar que é somente neste momento que é possível elaborá-lo.

A ideia de começar o ano com ares novos é, até, entendível. Mas, pensem comigo: é válido? Muitas empresas vivem, no segundo semestre, seu período mais produtivo. Então, parar um final de semana ou, pior, emendar um final de semana, privando a equipe do descanso necessário, pode ser extremamente improdutivo e cansativo.

Não há uma necessidade em elaborar o planejamento estratégico no segundo semestre do ano – mais centralizado ainda, nos meses de outubro e novembro. Planejamento estratégico pode ser elaborado em qualquer período do ano, aproveitando-se os períodos de sazonalidade da produção, em que pode-se tomar um tempo da equipe, sem prejudicar o desempenho – tanto da equipe, quanto da empresa.

Planejamentos podem ser elaborados em qualquer mês do ano. Aproveite as variáveis, os horários vagos, a época de baixa sazonalidade. Não sature sua equipe.

Só uma última questão: não há planejamento estratégico para o próximo ano, a não ser que a indústria em que sua empresa está inserida seja muito dinâmica – como por exemplo, tecnologia, em que as variáveis mudam muito frequentemente. Planejamento estratégico (sic) para o próximo ano, é mais uma questão de definição de metas de produção, comercial e orçamentária (estritamente táticas, não estratégicas).

Planejamento estratégico vislumbra, em média, de 3 a 5 anos no Brasil. No Japão, a partir de 30 anos. Devemos mudar nossa visão de futuro – na verdade, criar uma. Deixar de pensar (donos de empresa e pessoas estratégicas) em pagar contas que vencem amanhã. Isso é operacional. Devemos pensar nossa empresa no futuro, o que ela será e traçar as estratégias para conseguir isso.

Se tem uma coisa que podemos – e precisamos – aprender com empresários de outros países é planejar. Pense nisso.

Se você tiver alguma sugestão, opinião ou dúvida, você pode entrar em contato pelo formulário de contato, pelo WhatsApp ou enviar um e-mail diretamente para site@marciokarsten.pro.br.

Publicado originalmente no Farol Comunitário

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