Mudling through 1: a ciência da decisão incremental

Charles Lindblom

Charles Lindblom

Lindblom, neste artigo, expõe seu método de tomada de decisão, denominado Método das sucessivas comparações limitadas (ou ramescência), em contraponto ao até então utilizado método racional-compreensivo (ou raiz), pois apesar de este ser o “melhor” como esquema, “de fato não funciona para questões complexas, e os administradores veem-se obrigados a usar o método das sucessivas comparações limitadas em suas decisões” (p. 166).

O método de Lindblom é baseado em cinco características:

  1. Fusão entre avaliação e análise empírica: nem sempre os administradores possuem claros os seus objetivos para tomar suas decisões, não conseguindo prever o escalonamento quando do conflito entre eles, normalmente escolhendo “a partir das opções propostas em que esses valores estão combinados de maneiras diversas” (p. 167);
  2. Relações entre meios e fins: esta relação somente é possível quando os valores são consensuais, conciliáveis e marginalmente estáveis, que, caracteristicamente, é contrário ao método, porém, é difícil ao administrador saber se está no caminho correto, não havendo como saber a decisão foi acertada ou não;
  3. O teste da “boa” política: é a concordância alcançada em torno da política em si, sendo possível apesar da inexistência do acordo acerca dos valores;
  4. Análise não abrangente: através do método da ramescência, é possível chegar à simplificação por dois caminhos principais, (1) “limitando-se as comparações entre as decisões políticas àquelas que diferem proporcionalmente pouco em relação às políticas vigentes” (p. 171); e (2) “ignorar, na prática, possíveis consequências importantes de diferentes opções políticas, bem como em se ignorar os valores associados a essas consequências” (p. 173);
  5. Sucessão de comparações: a formulação de políticas é um “processo de sucessiva aproximação a alguns objetivos desejados” (p. 175), que sofre mudanças a cada reconsideração, porém facilita a tomada de decisão pois: (a) traz conhecimento sobre as consequências; (b) não é necessária a tomada de passos muito grandes; (c) há condição para testar as previsões anteriores; e (d) possibilita a remediação dos erros passados com razoável rapidez.

Dadas estas características, o autor reforça que o método da raiz é dependente da teoria, enquanto o método da ramescência a dispensa, o que explica o porquê de o administrador sentir que “o especialista de fora ou solvedor acadêmico de problemas em algumas ocasiões não são úteis”, por utilizarem – e solicitarem – a aplicação de mais teorias, optando (o administrador), desta feita, confiar em sua experiência e intuição. A crítica do autor aos acadêmicos é que, ao o administrador utilizar esta forma de tomada de decisões, ele está fazendo uso de uma sistemática, de um método.

Na opinião de Lindblom, a teoria é de utilidade extremamente limitada para a formulação de políticas por duas razões: (1) ser ávida por fatos; e (2) ser insuficientemente precisa para ser aplicada num processo político-decisório.

Assim, para estes casos, o autor sugere a utilização do sistema das comparações sucessivas por, principalmente, duas razões: (a) “ser um método comum de formulação de políticas”; e (b) “porque ele será, em muitas circunstâncias, superior a qualquer outro método de decisão existente para a solução de problemas complexos” (p. 178).

Dúvidas ou sugestões, entre em contato.


Referência

LINDBLOM, Charles E. Mudling through 1: a ciência da decisão incremental. In: HEIDEMANN, F. G.; SALM, F. Políticas públicas e desenvolvimento: bases epistemológicas e modelos de análise. Brasília: UnB, 2009. Cap. 5.1, p. 161-180.


Resumo confeccionado durante o programa de mestrado da UDESC/ESAG

Disciplina: Estudos Organizacionais
Professor: Dr. Mauricio C. Serafim

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