Lindblom, neste artigo, expõe seu método de tomada de decisão, denominado Método das sucessivas comparações limitadas (ou ramescência), em contraponto ao até então utilizado método racional-compreensivo (ou raiz), pois apesar de este ser o “melhor” como esquema, “de fato não funciona para questões complexas, e os administradores veem-se obrigados a usar o método das sucessivas comparações limitadas em suas decisões” (p. 166).
O método de Lindblom é baseado em cinco características:
- Fusão entre avaliação e análise empírica: nem sempre os administradores possuem claros os seus objetivos para tomar suas decisões, não conseguindo prever o escalonamento quando do conflito entre eles, normalmente escolhendo “a partir das opções propostas em que esses valores estão combinados de maneiras diversas” (p. 167);
- Relações entre meios e fins: esta relação somente é possível quando os valores são consensuais, conciliáveis e marginalmente estáveis, que, caracteristicamente, é contrário ao método, porém, é difícil ao administrador saber se está no caminho correto, não havendo como saber a decisão foi acertada ou não;
- O teste da “boa” política: é a concordância alcançada em torno da política em si, sendo possível apesar da inexistência do acordo acerca dos valores;
- Análise não abrangente: através do método da ramescência, é possível chegar à simplificação por dois caminhos principais, (1) “limitando-se as comparações entre as decisões políticas àquelas que diferem proporcionalmente pouco em relação às políticas vigentes” (p. 171); e (2) “ignorar, na prática, possíveis consequências importantes de diferentes opções políticas, bem como em se ignorar os valores associados a essas consequências” (p. 173);
- Sucessão de comparações: a formulação de políticas é um “processo de sucessiva aproximação a alguns objetivos desejados” (p. 175), que sofre mudanças a cada reconsideração, porém facilita a tomada de decisão pois: (a) traz conhecimento sobre as consequências; (b) não é necessária a tomada de passos muito grandes; (c) há condição para testar as previsões anteriores; e (d) possibilita a remediação dos erros passados com razoável rapidez.
Dadas estas características, o autor reforça que o método da raiz é dependente da teoria, enquanto o método da ramescência a dispensa, o que explica o porquê de o administrador sentir que “o especialista de fora ou solvedor acadêmico de problemas em algumas ocasiões não são úteis”, por utilizarem – e solicitarem – a aplicação de mais teorias, optando (o administrador), desta feita, confiar em sua experiência e intuição. A crítica do autor aos acadêmicos é que, ao o administrador utilizar esta forma de tomada de decisões, ele está fazendo uso de uma sistemática, de um método.
Na opinião de Lindblom, a teoria é de utilidade extremamente limitada para a formulação de políticas por duas razões: (1) ser ávida por fatos; e (2) ser insuficientemente precisa para ser aplicada num processo político-decisório.
Assim, para estes casos, o autor sugere a utilização do sistema das comparações sucessivas por, principalmente, duas razões: (a) “ser um método comum de formulação de políticas”; e (b) “porque ele será, em muitas circunstâncias, superior a qualquer outro método de decisão existente para a solução de problemas complexos” (p. 178).
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Referência
LINDBLOM, Charles E. Mudling through 1: a ciência da decisão incremental. In: HEIDEMANN, F. G.; SALM, F. Políticas públicas e desenvolvimento: bases epistemológicas e modelos de análise. Brasília: UnB, 2009. Cap. 5.1, p. 161-180.
Resumo confeccionado durante o programa de mestrado da UDESC/ESAG
Disciplina: Estudos Organizacionais
Professor: Dr. Mauricio C. Serafim