O estudo das organizações e da organização desde 1945

James G. March

James G. March

Como os grandes acontecimentos da história do mundo, nos últimos 60 anos, afetaram o estudo das organizações? Esta é a pergunta norteadora do texto de James March. Ele aponta 3 grandes episódios da história mundial que mudaram o rumo do estudo da administração.

O primeiro fato levantado pelo autor é a Segunda Guerra Mundial, que agiu em duas frentes. Primeiro, pelo êxodo dos estudiosos da administração da Europa devido às perseguições sofridas nos países do centro europeu para os Estados Unidos, onde aliaram seu conhecimento aos estudos sobre o comportamento humano, ali em desenvolvimento. Esta troca de loco de estudo fortaleceu as escolas americanas, fato este potencializado com a devastação física e demográfica dos centros europeus.

A segunda intervenção ocorrida nos estudos organizacionais foram os protestos sociais ocorridos nos anos 1960 e 1970, quando as universidades europeias já voltavam a produzir materiais e estudos proeminentes, principalmente nas áreas da administração pública.

Os protestos ocorridos nas universidades europeias eram fundamentados em alguns aspectos tais como:

  • A oposição à Guerra do Vietnã e à hegemonia americana;
  • Apoio à sensibilidade, retórica e perspectiva histórica feminista;
  • Uma crítica radical à sociedade e à ciência social;
  • Uma visão mundial pós-estruturalista, pós-moderna e social construtivista;
  • Um entusiasmo romântico ao “flower-power”.

Este cenário trouxe nova vida aos estudos organizacionais europeus nos moldes do período anterior à Segunda Guerra Mundial, porém com uma visão menos quantitativa e matemática, transformado, principalmente, pela presença feminina nas universidades.

A última grande intervenção da história nos estudos organizacionais foi o triunfo dos mercados, a queda do império soviético, que praticamente varreu os posicionamentos Marxistas da ciência social, sendo substituído por um novo programa de reforma social que enfatiza os mercados competitivos e menor intervenção do Estado.

A grande mudança que este movimento causou foi o surgimento – ou a apresentação – das escolas de administração do oriente, principalmente na China, Índia, em um ritmo que pode levar estes países a posições de liderança mundial não somente em termos de educação e aprendizagem organizacional, mas também em pesquisa.

Se estes foram os movimentos que mudaram o estudo das organizações nos últimos 60 anos, o que pode mudar daqui para diante? Quais podem ser os focos de atenção dos estudantes/cientistas/pesquisadores das organizações a partir de agora?

Em primeiro lugar, pela importação de temas. Em segundo, pela velocidade do desenvolvimento de novos estudos e, por fim (mas não menos importante), pelo paroquialismo, pela separação das comunidades escolares.

Além desses fatores, precisa-se estar atento, também, a:

  • O desenvolvimento das costuras econômicas, políticas e culturais globais;
  • A elaboração da informação e tecnologias biológicas;
  • A redução da centralização política, econômica e cultural tanto da Europa quanto dos Estados Unidos;
  • A mudança na distribuição/acesso à saúde e bem-estar;
  • O aumento do fundamentalismo religioso Judaico, Cristão e Islâmico;
  • O declínio da tolerância da Terra à espécie humana.

E, apesar de nas últimas décadas, as escolas de administração terem provido seus alunos com bases de estudos organizacionais financeiros e ocupacionais estáveis, o principal trabalho das escolas organizacionais é evitar a mediocridade que ameaça continuamente o setor.

Dúvidas ou sugestões, entre em contato.


Referência

MARCH, James G. The study of organizations and organizing since 1945. Organization Studies. v. 28, n. 1, p. 9-19, 2007.


Resumo confeccionado durante o programa de mestrado da UDESC/ESAG

Disciplina: Estudos Organizacionais
Professor: Dr. Mauricio C. Serafim