A evolução do pensamento administrativo na visão americana

Daniel Wren

Daniel Wren

A partir da principal conclusão de Daniel Wren – de que, apesar de todos os avanços, ainda se vive na administração sob os dogmas de Taylor e Fayol – qualquer confrontação entre autores e/ou pensadores da administração se tornaria um embate entre a ideia de um e a melhoria incremental proposta por outro, opta-se, então, por realizar uma análise histórica sob a ótica destas melhorias incrementais da administração a partir de Taylor e Fayol.

Taylor propôs a ideia do trabalhador de primeira classe, o que executa todos os movimentos de forma otimizada, economizando recursos, tanto físicos (próprios) quanto mecânicos (da organização). Uma visão rotulada como mecanicista, mas que propunha, entre outros, a realização de treinamentos nas áreas não otimizadas e a remuneração por produção – o que pode ser tratado como os primórdios da meritocracia.

Fayol, por sua vez, teorizou sobre o ensino da administração e, através de estudos e observações, sintetizou as funções desempenhadas pelos gerentes em 14 princípios (faróis) para indicar o caminho aos gerentes, bem como os elementos da administração: planejar, organizar, comandar, coordenar e controlar.

Weber, por sua vez, postulou sobre a autoridade e o estabelecimento de uma base racional às organizações e preconizava que o modelo burocrático puro de organização é capaz de alcançar os graus mais altos de eficiência, possibilitando, aos diretores da organização, “elevado grau de cálculo de resultados”, bem como para os demais que nela atuam.

Para uma visão mais humanista da administração, contribuíram, com grande ênfase, os pensadores Mayo e Follet. Aquele, estudando as relações humanas, liderança e motivação, como pode ser visto no destaque “a colaboração humana no trabalho, em sociedades primitivas ou desenvolvidas, sempre dependeu, para sua continuidade, da evolução de um código social e lógico que regula as relações e as atitudes entre as pessoas”, enfatizando, ainda, que a insistência no aspecto meramente econômico é “interferir no desenvolvimento desse código e […] criar um sentimento de derrota humana”. Follet, em seus estudos sobre os grupos de pessoas, já percebia existência de particularidades no comportamento individual, que deveriam ser absorvidas pelo grupo. Desenvolveu teorias, também, na área de resolução de conflitos, filosofia empresarial, autoridade e poder e liderança.

Deste ponto em diante, diversos autores e pensadores versaram sobre os pressupostos das pessoas no trabalho, o que as motiva à participar do processo, bem como sobre a relação entre a organização e as pessoas, com ênfase neste ou naquele aspecto da equação, as motivações deste versus as necessidades daquele e vice-versa.

Nos tempos mais recentes do pensamento da administração, a partir dos estudos de Ludwig vonBertalanffy mais precisamente, percebe-se a importância maior dada aos aspectos externos da organização, sua responsabilidade para com a comunidade que a cerca, o impacto daquela sobre esta bem como desta sobre aquela. Questões como responsabilidade social e ambiental começam a fazer parte do “jogo organizacional”.

Interessante, também, notar que os grandes pensadores da administração não são administradores “puros”, são originários de outras áreas do conhecimento, que colaboram para o aperfeiçoamento desta ciência, podendo-se – audaciosamente – caracterizar a administração como um processo químico, em que a adição de componentes cria uma nova solução. Se melhor ou pior, somente estudos posteriores comprovarão, cientificamente, sua eficácia, eficiência e efetividade.

Como conclusão, percebe-se que a administração é uma ciência que, apesar de possuir bases e/ou fundamentações sólidas, está em constante desenvolvimento, em expansão. Esta expansão é responsável pelo surgimento de ferramentas e modismos que podem ou não ser adotados por esta ou aquela empresa, nesta ou naquela situação, mediante análise prévia e/ou contextualização. Na verdade, o que importa são as bases, os pilares da administração, já classicamente preconizados.

Dúvidas ou sugestões, entre em contato.


 

Referências

WREN, Daniel A. Ideias da administração: o pensamento clássico. São Paulo: Ática, 2007.

WREN, Daniel A. Ideias da administração: o pensamento moderno. São Paulo: Ática, 2007.


Resenha confeccionada durante o programa de mestrado da UDESC/ESAG

Disciplina: Pensamento Administrativo: Histórias e Fundamentos
Professor: Dr. Mario César Barreto Moraes

Baseado nas apresentações e fichamentos de
Francisco Peña (Currículo Lattes)
Guilherme Kalnin (Currículo Lattes)

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