Como dar ordens

Mary Parker Follett

Mary Parker Follett

Ao iniciar sua palestra sobre como dar ordens, Follet diz que elas surgem do próprio trabalho a ser feito e que, provavelmente, muitos dos subordinados tenham contribuído para elaborá-la, o que transforma o termo “obedecer ordens” para “seguir uma prática padrão”.

Assim encarando o processo desta forma, libera o supervisor para trabalhos mais construtivos, facilitando a resolução de problemas e o planejamento de outros desenvolvimentos.

Para Follett, os métodos arbitrários de ordenar, possui algumas desvantagens, entre as quais:

  1. A perda do conhecimento do homem que executa o trabalho, por não solicitar sua ajuda ao escolher as tarefas cabíveis a uma tarefa;
  2. A fricção entre trabalhadores e superiores, pois a ordem arbitrária ignora o fato de que o homem quer governar a própria vida;
  3. A perda do interesse pelo resultado, pois o funcionário perde o orgulho pelo seu trabalho; e
  4. A diminuição do senso de responsabilidade, reduzindo a chance de sucesso do negócio.

Quando o emissor da ordem não possui crédito junto aos seus subordinados, ao exigir “obediência cega, pode tê-la de volta como bumerangue contra si”, pois ao agir arbitrariamente ao dar a ordem, os subordinados podem simplesmente aceita-la, mesmo sabendo não estar correta, acarretando a perda de tempo e outros recursos.

Para que a equação seja verdadeira, ao receber as ordens, o subordinado deve ter observação inteligente, disposição para sugerir mudanças e a cortesia na maneira de sugerir, em suma, presumir que a forma prescrita provavelmente é a melhor.

Para dar ordens – e elas sejam aceitas e executadas pelos subordinados, Follett relaciona quatro fundamentos essenciais:

  1. Despersonalização das ordens: despersonalizar a matéria, reunir os interessados em torno do estudo da situação, identificar as demandas da situação, descobrir a lei da situação e entende-la.
  2. Treinamento: uma forma de passar as ordens sem que envolva as pessoas da organização ou a ordenação direta;
  3. Expor as razões para a ordem dada: proporciona uma vantagem diferenciada, pois se ganha tempo com o trabalho feito com mais prazer, mais inteligência e mais atenção;
  4. Tomar medidas para que todos saibam os propósitos da organização: o propósito sustenta todas as instruções e, se isso fosse feito, as instruções seriam obedecidas de uma maneira mais entusiástica e diligente.

Essas quatro premissas para as ordens poderiam se resumir em fazer o emissor das ordens trazer os comandados para dentro da situação, fazê-las sentir que todos estão no mesmo trabalho (colaboradores), sendo que sua parte é explicar e informar como o trabalho é feito e o deles seja executar o trabalho, em igual grau de importância.

Por sua vez, o executivo também deve adquirir um conjunto de atitudes para dar ordens: (1) preparar o caminho para as ordens; (2) oferecer algum estímulo para a adoção de métodos sugeridos; e (3) dar oportunidade para estes métodos se tornem um hábito.

Para Follett, as ordens derivam do trabalho e não o contrário. A obediência não é uma coisa passiva, sendo uma falácia pensar que a ordem logra uma validade do consentimento, obtendo sua validade do processo para o qual contribuem tanto emissor quanto receptor da ordem.

Ao final, a palestrante relata que “os problemas que resolvemos com a administração de negócios podem nos ajudar a resolver os problemas do mundo, já que os princípios de organização e administração que se revelam os melhores para os negócios podem igualmente servir a governos e a relações internacionais […,] a solução dos problemas do mundo deve afinal ser construída a partir de todas as pequenas frações de experiências que estejam acontecendo onde quer que haja pessoas tentando resolver problemas de relações”.

Dúvidas ou sugestões, entre em contato.


Referência

FOLLETT, Mary Parker. The giving of orders. In: GRAHAM, Pauline (Ed.). Mary Parker Follet: profet of management: a celebration of writings of the 1920s. Boston (Mass.): Harvard Business School Press, 1995. Cap. IV, p. 121-139. Tradução de Francisco G. Heidemann.


Resumo confeccionado durante o programa de mestrado da UDESC/ESAG

Disciplina: Estudos Organizacionais
Professor: Dr. Mauricio C. Serafim