No terceiro capítulo da obra de Richard Hall são analisadas as formas e impactos das estruturas organizacionais, principalmente com relação à complexidade, à formalização e à centralização, partindo de sua definição.
A definição utilizada na obra é a de Blau (1974, p. 12), que diz que estrutura organizacional é “a distribuição, em várias linhas, de pessoas entre posições sociais que influenciam os relacionamentos entre os papéis dessas pessoas” que tem como principais implicações a divisão do trabalho, pois as pessoas recebem diferentes tarefas e/ou cargos na organização e a hierarquização das organizações, que dá às pessoas que ocupam os cargos regras e regulamentos específicos.
As estruturas organizacionais possuem três funções básicas: (1) produzir resultados organizacionais; (2) minimizar/regular a influência das variações individuais na organização; e (3) criam cenários para o exercício do poder, a tomada de decisões e a realização das atividades.
As funções organizacionais envolvidas na definição conduzem à questão da complexidade organizacional, inerente a cada organização em intensidade e efeitos distintos, sendo um dos primeiros aspectos perceptíveis às pessoas nelas passam a exercer suas atividades profissional. Cargos, funções, divisões, hierarquia, tudo impacta no profissional instantaneamente.
A complexidade organizacional possui três divisões mais comumente encontrados:
- Diferenciação horizontal: refere-se a como as tarefas desempenhadas pela organização são divididas;
- Diferenciação verticais: supõe que a autoridade seja distribuída de acordo como nível na hierarquia; e
- Dispersão geográfica: as atividades e o pessoal podem estar dispersos geograficamente, por meio da separação dos centros de poder ou das tarefas.
As principais consequências da complexidade das organizações são sentidas nos aspectos de coordenação e controle, pois um alto grau de complexidade relaciona-se a um ambiente altamente complexo e diferenciado, potencializado pela situação competitiva em que se encontra a organização e o mundo tecnologicamente complicado e em constante mudança em que vivem.
E,quanto maior a complexidade, maiores os problemas de comunicação e controle, fazendo os supervisores passarem mais tempo ocupados com estas funções do que com suas atividades fim.
Alguns fatores que tem influenciado para a redução destes problemas são o enxugamento dos níveis (downsizing) e o aperfeiçoamento dos sistemas de informações gerenciais.
A formalização, por sua vez envolve o controle organizacional sobre o indivíduo (Clegg e Dunkerley, 1980) e possui um significado ético e político, além de ser um componente estrutural, função realizada através das regras e procedimentos criados para ligar com as contingências enfrentadas pela organização.
A formalização da organização pode variar entre a Formalização Máxima (em que regras e procedimentos podem variar de grandemente severos a extremamente displicentes, em todos os níveis, cargos e funções) e a Formalização Mínima (especificamente vinculados com um número mínimo de casos, para os quais não foram desenvolvidos procedimentos).
A formalização tende a estar associada ou influenciada por:
- Centralização do poder;
- Mudança organizacional
- Tecnologia; e
- Tradição e cultura organizacional.
Quanto mais formal a organização, mais rígida ela se torna, o que acarreta dificuldades para ligar com os clientes e outras variáveis do ambiente, pois as pessoas tornam-se incapazes de agir de acordo com sua própria iniciativa o que pode, segundo Merton (1957) ocasionar um efeito de “incapacidade treinada”.
O terceiro grande tema do capítulo – centralização – refere-se à distribuição do poder no âmbito das organizações, o que pode ser uma das melhores maneiras de resumir toda a noção de estrutura e possui como mais principais elementos o direito de tomar decisões e a avaliação das atividades.
A centralização nas organizações está ligada, principalmente a:
- Tamanho: quanto maior a organização, maior a tendência a ser centralizada;
- Tecnologia: permite às organizações controlar o comportamento dos membros;
- Relações ambientais: a competitividade do ambiente afeta o grau de centralização.
A centralização pode ter consequências ou afetar as organizações tanto em uma esfera macropolítica quanto em uma esfera micropolítica e, quanto maior a centralização, mais facilmente se supõe que os membros precisam de controle estrito, enquanto que pouca centralização sugere que eles podem cuidar de si próprios. Outros impactos da alta centralização nas organizações são:
- Maior coordenação e menor flexibilidade;
- Políticas coerentes para toda a organização, porém políticas inapropriadas para as condições locais;
- Potencial para a tomada de decisões rápidas durante emergências, porém canais de comunicação sobrecarregados.
Dúvidas ou sugestões, entre em contato.
Referência
HALL, Richard. Estrutura organizacional: explicações. In: Organizações: estrutura, processos e resultados. São Paulo: Pearson Prentice-Hall, 2004. Cap. 4, p. 45-78.
Resumo confeccionado durante o programa de mestrado da UDESC/ESAG
Disciplina: Estudos Organizacionais
Professor: Dr. Mauricio C. Serafim