Gouldner aponta uma série de pontos na teoria de Weber que mereceriam melhor explicação ou maior aprofundamento e debate. O primeiro ponto levantado pelo autor comenta sobre a efetividade da burocracia e sua variabilidade de aceitação, dependendo do modo com que as normas são colocadas na organização, se por imposição ou por acordo. Para tal, a teoria de Weber deveria responder questões como:
- A quem deveriam ser úteis as normas?
- Em termos que quem as normas seriam um recurso racional?
- De quem seriam os objetivos que as pessoas realizariam para que a burocracia operasse efetivamente?
Para que as organizações sejam realmente efetivas — na opinião de Gouldner — é necessário que se especifiquem objetivos para diferentes pessoas ou, pelo menos, diferentes estratos da organização.
Outros pontos que necessitariam de maiores explicações são a ênfase dada por Weber à administração por “especialistas” ou profissionais, bem como o papel da disciplina, pois na essência, segundo Gouldner, a burocracia foi concebida “como uma organização bifacial […] uma organização baseada na especialização [… e] na disciplina” (p. 62).
Na opinião do autor, apesar de a burocracia ser “um pouco de partida”, ela “não forneceu instrumentos analíticos suficientemente gerais”.
Sob uma ótica funcionalista, que se relacionam com as atividades de auto-sustentação da organização, na opinião de Weber “a burocracia é superior […] por causa de sua estabilidade, fidedignidade, calculabilidade permitida dos resultados e magnitude de suas operações” (p. 65), sendo que, nesta análise, a burocracia seria usada por ser baseada em “técnicas eficientes para a realização de algum objetivo” (p. 65).
Para Gouldner, Weber focou as atenções de seus escritos nas benesses que a burocracia poderia trazer à organização como um todo, mas não verificou se atendia às demandas dos estratos da organização independentemente, bem como ao atendimento das necessidades individuais dos colaboradores, dos indivíduos que ali trabalham, principalmente nos estratos mais baixos da escala organizacional.
Para Gouldner, “a ansiedade e insegurança são motivadores efetivos, levando invisivelmente os homens a obedecerem” (p. 66) e, ao notarem isso, os “empregadores tenderão a deixar em estado rudimentar aquelas normas que reforçariam a predicabilidade e segurança dos trabalhadores”. (p. 66-67)
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Referência
GOULDNER, Alvin W. Conflitos na teoria de Weber. In: CAMPO, Edmundo (Org.). Sociologia da burocracia. 4.ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1978. P. 59-67.
Resumo confeccionado durante o programa de mestrado da UDESC/ESAG
Disciplina: Estudos Organizacionais
Professor: Dr. Mauricio C. Serafim