Cooptação: um mecanismo para estabilidade organizacional

Philip Selznick

Philip Selznick

Em seu texto, Selznick fala sobre a cooptação. Segundo o autor, “o processo de absorção de novos elementos na liderança ou estrutura de decisões políticas de uma organização, como meio de evitar ameaças à sua estabilidade ou existência” (p.93). A cooptação pode adquirir duas formas básicas:

  • Cooptação formal: na “necessidade de estabelecer legitimidade da autoridade ou de tornar a administração acessível ao público a que se dirige” (p.93); e
  • Cooptação informal: na “necessidade de ajustamento às pressões de centros específicos de poder na sociedade” (p.93).

A base da cooptação é o compartilhamento do poder ou dos encargos do poder e surge quando a autoridade formal está “concreta e potencialmente em estado de desequilíbrio com relação ao seu meio institucional” (p. 94).

Este desequilíbrio demanda um ajustamento das forças para “lançar golpes ordenados e, assim, tornar efetivas exigências concretas” (p.94), o que pode ser exigir “um ajustamento ao povo em seu aspecto indiferenciado, a fim de que um sentimento de aceitação geral possa ser desenvolvido” (p.94).

Desta forma, a sensação de poder e respeito será progressivamente transferido dos “elementos cooptados para a organização como um todo” (p. 94) o que pode criar um mecanismo de acesso à administração.

No pensamento de Selznick, “a cooptação que resulta numa distribuição real do poder tenderá a operar informalmente e, inversamente, a cooptação orientada para a legitimação ou para a acessibilidade tenderá a ser efetuada através de recursos formais” (p. 94-95).

Para o autor, para que os objetivos visados sejam atingidos, é necessário caráter formal e transparente na cooptação, porém, quando esta visa a realização de um “ajustamento aos centros organizados de poder institucional” (p.95) pode ser preferencial manter relações informais e encobertas.

Se, por um lado, o mecanismo de ajustamento a forças concretas é baseado na cooptação informal de núcleos de poder na estrutura total, existe desentendimento na cooptação formal com “relação à realocação do facto no poder” (p. 96).

Por natureza, a cooptação formal reparte a autoridade, com o objetivo essencial da distribuição dos símbolos públicos, das responsabilidades técnicas, sem a transferência do poder substantivo, de forma que os elementos cooptados não escapem ao controle, o que requer controle informal sobre eles, o que é uma das principais “fontes de tensão permanente entre teoria e a prática no comportamento organizacional” (p.96)

Dúvidas ou sugestões, entre em contato.


Referência

SELZNICK, Philip. Cooptação: um mecanismo para a estabilidade organizacional. In: CAMPOS, Edmundo (Org.). Sociologia da burocracia. 4.ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1978. P. 93-100.


Resumo confeccionado durante o programa de mestrado da UDESC/ESAG

Disciplina: Estudos Organizacionais
Professor: Dr. Mauricio C. Serafim