Uma sociedade perigosamente preguiçosa

Uma sociedade perigosamente preguiçosaSim, meus caros leitores, estamos nos tornando – se é que já não somos – uma sociedade perigosamente preguiçosa e, por ter certeza de que a “carapuça” servirá para uma grande maioria de vocês, apesar dos narizes torcidos e algumas (raras) exceções, serei generalista nas palavras e exemplos que utilizarei e, se você já parou de ler nas primeiras palavras, você é um preguiçoso.

Uma sociedade perigosamente preguiçosa em suas atitudes e em seus comportamentos, que são resultado de uma preguiça ainda mais perigosa: a do intelecto.

A preguiça intelectual está levando a modificações e destruições nas atitudes e comportamentos das pessoas, no empobrecimento (não só financeiro) de muitos e no enriquecimento de poucos.

Uma sociedade preguiçosa intelectualmente não realiza uma análise crítica da sua situação, não consegue gerar um fluxo de causa-consequência para determinar as verdadeiras razões de ter chegado à atual condição.

Está-se perdendo a memória. Dos pequenos e dos grandes fatos. Das razões das comemorações e feriados aos números telefônicos. Orações longas devem ser evitadas, pois os leitores perdem a conectividade das ideias, não se consegue mais pedir para uma pessoa realizar três tarefas com a certeza de que serão realizadas.

Da mesma forma (e em velocidade acelerada), as pessoas estão sendo influenciadas mais facilmente e, pela falta de crítica, sendo induzidas a comportamentos e atitudes destrutivos, estão fazendo escolhas erradas e aderindo à ideias e ideais (no mínimo) contestáveis.

Como tudo na vida, há influências boas e ruins, há pessoas com boas e más intenções, e há pessoas que sabem e que desconhecem sobre o que estão opinando. Para descobrir isso, é preciso o espírito crítico, o desenvolvimento intelectual.

Ah, mas a danada da preguiça…

E a preguiça de cada um leva à decadência da sociedade como um todo, leva à quebra dos padrões morais, à derrocada da cultura.

Você já reparou que, culturalmente, fomos de Mozart à MC Pipokinha? De Verdi a 50 Cent? De Villa-Lobos a Chorão? Isso é como retornar aos tambores e isso só na música, que é o campo da cultura que eu tenho mais apreço. E nos escritos? E na escultura? E na pintura?

Não é possível perceber que estamos involuindo? Que estamos regredindo, apesar de todos os avanços tecnológicos?

Mas os avanços tecnológicos estão permitindo a popularização do conhecimento, você pode dizer. Eu respondo: Será?

Uma sociedade que permita – incontestavelmente – qualquer mínima novidade se torne a “vedete máxima” do momento é questionável.

Uma sociedade preguiçosa não questiona qual o melhor sistema econômico, a consistência das agendas e ideias que defendem, o porquê de os apartamentos estarem cada vez menores e mais caros, a alta dos preços já elevados dos supermercados… Essa sociedade simplesmente aceita, por sequer possuir parâmetros para realizar tais questionamentos, pois não tem memória.

Este é um trabalho de muitos anos. Não é de agora, não é de “ontem para hoje” nem em um “estalar de dedos”. Essa degradação pode ser programada – e, quem sabe, foi/está sendo. Enquanto muitos descem, poucos sobem. Enquanto muitos trabalham, poucos enriquecem e toda essa preguiça está repleta de riscos.

Os riscos de uma sociedade perigosamente preguiçosa

Uma sociedade perigosamente preguiçosa é um perigo para si mesma.

Pessoas que evitam evoluir intelectualmente, por se considerar completamente apta a alguma atividade, desconsidera a possibilidade de melhorar em outra área.

Tendo por exemplo um profissional de qualquer área, bem colocado profissionalmente e, suponha que esta pessoa tenha estipulado que o que foi aprendido na área dela seja o necessário para suprir suas necessidades – das mais básicas às mais complexas.

Esta pessoa pode, com as facilidades atuais, não aprender a cozinhar, dirigir e lavar roupas, para limitar o universo de exemplos.

Não precisa aprender a cozinhar pois tem os aplicativos que trazem a comida na porta do seu condomínio ou onde realiza suas atividades profissionais.

Com relação ao dirigir, não precisa aprender pois tem o profissional ligado ao aplicativo que o leva onde quiser.

E, por sua vez, não precisa aprender a lavar as roupas, pois há serviços de lavanderia nos supermercados e, até mesmo, em containers espalhados pela cidade.

Parece simples, mas o fato de ele não aprender a cozinhar, o faz não adquirir um fogão, uma geladeira e um freezer. No máximo, o necessário é um micro-ondas para esquentar as comidas do dia anterior ou fazer um café pela manhã – se a pessoa não realizar essa tarefa em uma padaria ou um café expresso próximo ao trabalho.

Se ele faz uso do aplicativo para se deslocar, não precisa aprender a dirigir e, por consequência, não precisa considerar adquirir um veículo.

Para encerrar a questão dos exemplos, não aprender a lavar a roupas proporciona a não necessidade de adquirir os equipamentos imprescindíveis para tal em casa, uma vez que a pessoa utiliza as instalações da fornecedora do serviço. Máquina de lavar roupas, de secar roupas, tábua para passar e ferro de passar roupas, além dos produtos de manutenção (sabão, amaciante e outros) deixam de ser adquiridos, bem como nos exemplos anteriores (combustível, lubrificantes, filtros, panelas, talheres, pratos e outros, muitos outros).

Porém não são somente os equipamentos em si, são diversas cadeias produtivas que são rompidas e não falo de somente um caso, são dezenas de milhares de casos idênticos (pelo menos, no Brasil). Milhares de pessoas que deixaram de adquirir bens para a sua vida em consequência da sua preguiça intelectual, impactando no comércio, no serviço e na indústria, culminando em mais demissões.

E, depois, queixam-se do “mercado de trabalho”, externalizando a culpa para uma entidade abstrata, eximindo-se da responsabilidade.

Você pode argumentar que outras cadeias se formam. Sim, estou ciente disso, mas a que custo? Não somente financeiro, mas temporal, psicológico e físico também. Digamos que uma pessoa tenha se formado em mecânica e – de um tempo para outro – tenha que virar agrônomo (peão), trabalhando em uma organização agrária. Qual o custo desta troca? Qual o tempo disponível para realizar tal substituição? Seria no tempo de vida que a pessoa ainda possui? Ela conseguiria manter a condição de vida anterior?

Mas o que cria uma sociedade perigosamente preguiçosa? Na sequência, apresento o que considero serem algumas das razões desta preguiça, deste desinteresse em desenvolver-se intelectualmente.

As razões de uma sociedade perigosamente preguiçosa

Na sequência, apresento algumas “facilidades” do mundo contemporâneo que vêm causando a preguiça intelectual. Após a leitura desta parte, é preciso que você leia o tópico Ressalvas, logo na sequência.

Smartphone

Um instrumento que está contribuindo seriamente com essa preguiça intelectual é o celular, o smartphone com suas diversas funcionalidades. Se você tem alguma dúvida, responda a essas perguntas:

  1. Onde está sua agenda telefônica?
  2. Onde estão suas fotografias?
  3. Onde estão suas músicas?
  4. O que você faz sem o seu celular?

Se você respondeu “no celular” para as questões 1 a 3 acima e algo como “Nada” ou “Minha vida vira um inferno” na quarta, cuidado, você pode ser uma pessoa que esteja desenvolvendo (se ainda não o fez) uma dependência tecnológica, que já possui até nome: nomofobia.

Nomofobia (do inglês “no mobile fobia” ou medo da falta de celular) se refere ao medo ou ansiedade pela falta de uso do celular, e quando causas sensação de medo, irritabilidade e prejuízo na vida.

E, desta forma, não é difícil dizer que TUDO o que acontece no citado aparato (para um dependente (ou viciado)) é mais importante do que o que acontece do lado de fora dele. Todas as notificações que ele apresenta são mais importantes que um fato importante na vizinhança ou, até mesmo, dentro de casa, como o relacionamento entre familiares.

Por consequência, se TUDO que ali ocorre é mais importante do que a vida real, tudo o que por ele vier é mais certo do que os outros sabem, afinal este aparelho é o oráculo da sociedade contemporânea, e, desta forma, torna-se incontestável o que é emitido por ele e suas diversas funcionalidades (redes sociais, aplicativos de mensagens, vídeos e outros) – todas as “tendências”, manias, vícios, estilos…

Internet

Atrelado ao smartphone está a internet, que impele a querer saber tudo sobre todos os assuntos. Se há uma dúvida, recorre-se (instantaneamente) a ela para sanar. E, então, as pessoas começam a associar informação com conhecimento.

Vive-se uma era da informação, da facilidade de acesso à informação para ser mais exato, porém não é uma era de conhecimento. O conhecimento é a transformação da informação (por adição, absorção, modificação, correlação etc.) para o desenvolvimento pessoal, para a criação dos tais diferenciais/vantagens “competitivos/as” pessoais.

E, como não se esgotou o desenvolvimento de soluções tecnológicas, durante este ano (2023) observou-se a aparição (mais consistente) das tais “inteligências artificiais” (ou IAs), que nada mais são do que ferramentas de pesquisa evoluídas, que entregam textos, locuções, imagens, vídeos e outros resultados, a partir de uma mistura de elementos preexistentes. As IAs não conseguem (ainda) desenvolver algo “completamente novo”, pois, como diria Duailibi em “Cartas para um jovem publicitário”, “o completamente novo não existe mais”.

Então eu te pergunto: o que você tem “consumido” na internet e qual uso você faz do seu smartphone? Redes sociais? Vídeos? Aplicativos de mensagens? Joguinhos? Sugiro que continue a leitura, pois são os temas abordados na sequência.

Redes sociais

Redes sociais são como um caudaloso rio que atravessa a sua vida com informações variadas, compartilhadas por outras pessoas com as quais você possui um certo grau de relacionamento (mesmo que somente virtual) e interesse em comum, o que é questionável em alguns casos.

Muitas são as pessoas que “do nada” solicitam a sua aceitação em determinada rede social, sendo que você não sabe de onde a conhece ou qual elo une vocês – até mesmo que por motivos de segurança, é aconselhado esconder suas informações pessoais para os “não amigos”.

E, a cada novo integrante da sua rede, mais uma pessoa a dar uma mínima atenção, mesmo que somente uma vez por ano, no aniversário dela, se você (ou ela) ainda forem usuários da tal rede.

Mesmo que crescendo em grande escala, pelo menos no Brasil, podemos citar 4 grandes redes sociais: o Facebook e o Instagram (do conglomerado Meta), o X (antigo Twitter) e o LinkedIn.

Eu cada vez mais trato estas plataformas como “espaços para indiretas diretas”, “adulação egocêntrica”, “coitadismo” ou “exibicionismo acrobático”. Pouco se tira destes espaços, pouco se adiciona. Um verdadeiro circo de horrores.

É uma luta de foices em um quarto escuro em busca da atenção de quem quer que esteja disponível escutar, mesmo que não faça o mínimo sentido para ela o que você tenha a dizer/expor, poucos (em uma sociedade preguiçosa) procuram entender como a ferramenta realmente funciona e como obter o melhor proveito dela para si e/ou sua empresa, empreendimento ou projeto.

Com a expansão das redes sociais e o impulsionamento de outras plataformas de comunicação (inclusive a TV), surgiram os influenciadores digitais, sobre os quais comento mais profundamente a seguir.

Influenciadores digitais

Uma verdadeira praga que infesta as redes sociais, os reality shows e os noticiários (principalmente dos grandes portais). Parece que quando alguém não tem uma profissão certa, intitula-se “digital influencer” (melhor seria dizer “vendedor”, como antigamente). São pessoas que, a princípio, possuem um número significativo de seguidores (ou influenciados (sic)) nas redes sociais, que falam sobre coisas fúteis da vida. Para mostrar que levam uma vida de requinte, sofisticação e luxo, ficam fazendo poses em festas, iates, clubes, academias, estádios e outros locais, em companhia de outros influenciadores.

Para o marketing, o influenciador é somente um dos papéis que podem ser desempenhados em um processo de compra. Há ainda outros 4: o iniciador, o decisor, o comprador e o usuário. Principalmente nos papéis de decisor e de comprador é necessário o uso do intelecto, pois, caso contrário, decisões de compra errada serão executadas – que é o esperado em uma sociedade preguiçosamente consumista e facilmente influenciável.

Os principais influenciadores nos estudos de marketing são a família (em primeiro lugar), os amigos, os colegas de trabalho e os grupos de referência, onde estão, em alguma escala percentual bem pequena, os influenciadores digitais (entre muitos outros). Porém, como TUDO o que vem do oráculo é verdade, este passa a ser o predominante, mesmo sem qualquer vínculo forte com o influenciado, sem qualquer contato íntimo ou pessoal.

Finalizando o tema influenciadores digitais, diferentemente dos demais influenciadores (família, colegas de trabalho, amigos etc.) esta é uma atividade remunerada – e MUITO BEM REMUNERADA em alguns casos – para que a pessoa fale sobre ou mostre um produto ou serviço nas redes sociais, não deixa de ser um ator em uma campanha publicitária de uma marca qualquer, tal como em um comercial de televisão ou outra mídia qualquer. Ele não necessariamente faz uso ou conhece aquilo que está mostrando no “canal” dele.

Vídeos curtos

Vídeos curtos são um buraco negro da sua atenção e do seu desenvolvimento intelectual. Primeiro por você passar tempo considerável migrando de um vídeo para o outro, em uma cadeia sem fim. Em segundo lugar, você começa a querer que tudo esteja em uma velocidade acelerada, que todos os assuntos se resolvam no tempo de um vídeo curto, que se conte uma saga como “Senhor dos Anéis” em 10 minutos – o que é impossível.

Além disso, os vídeos curtos afetam o seu potencial de concentração – sua leitura fica prejudicada, sua capacidade de assistir um longa metragem fica prejudicada, sua atenção a uma aula, discurso ou palestra ficam prejudicados. O que, por consequência, afeta seu poder de análise, pois tudo tem que ser instantâneo, rápido e muito – MUITO – superficial.

Aqui existem diversas plataformas, para serem acessadas via navegador ou aplicativo para smartphone. Entre as principais, no final de 2023, podem ser citadas TikTok, Kwai, Reels (para Facebook e Instagram) e os Youtube Shorts.

O pior é que se o vídeo, que já é curto, não despertar o seu interesse nos primeiros 5 segundos, você com o arrastar de um dedo, passa para o próximo. Realmente, uma perda de tempo e um perigoso fator de influência na sua preguiça intelectual.

Aplicativos de mensagens

São sugadores de atenção, geradores de expectativa e ansiedade profundos, principalmente em quem envia uma mensagem. Porém, é esquecido que, apesar de a mensagem ser enviada imediatamente, ela não precisa ser respondida no mesmo instante em que foi recebida. Deve-se imaginar que – pelo menos – três situações possam ocorrer para a não resposta: não haver tempo para tal, o local não ser o mais apropriado ou faltarem subsídios para a resposta. Além disso, há ainda a possibilidade de o receptor não querer (literalmente) responder naquele momento, de ele não estar com o aparelho em mãos no momento ou, que alguém outro tenha visualizado a mensagem enviada.

E, ainda, há aquelas mensagens que, só de visualizar no smartphone, já se sabe que não necessitam de resposta. Mas o emissor, ainda assim, quer que os sinalizadores de mensagem recebida e lida fiquem aparentes.

Se você realmente tem uma mensagem importante para enviar a alguém e precisa de uma resposta imediata, ligue para ela, isto é, use o seu smartphone para aquela função que poucos desconhecem atualmente: conversar.

Só que o emissor da mensagem fica angustiado, nervoso, ansioso pela resposta, pela notificação de retorno à sua mensagem, esquecendo-se de tudo o que foi explicado anteriormente. E, enquanto ele não recebe o retorno à sua mensagem, não realiza mais nada. Fica imóvel, olhando para o smartphone.

Reforçando: a ferramenta é de ENVIO imediato de mensagens, não de RESPOSTA imediata.

Joguinhos

Jogos eletrônicos são ladrões de tempo. Quando menos se percebe, horas já se passaram, o sol já se pôs e ainda não foi finalizada aquela fase ou etapa do jogo.

Apesar do tempo empregado no seu uso, os jogos são considerados uma boa ferramenta de apoio à concentração.

Mas o problema é o excesso de jogos. Quantos jogos você tem no seu smartphone? Quantos deles você utiliza diariamente? Quanto tempo você fica jogando diariamente? Se cada jogo que você tem no seu smartphone tiver uma missão a resolver por dia, são pelo menos de 15 a 30 minutos de dedicação em cada um. Se você tem 5 jogos, é algo entre 1h15min e 2h30min empenhadas diariamente.

Outros vícios

Não somente o uso excessivo da tecnologia é prejudicial, mas todos os vícios modernos também contribuem na preguiça intelectual. Todos são formas de postergação do investimento na sua intelectualidade e no seu desenvolvimento como uma pessoa capaz de realizar análises e questionamentos pertinentes. Além das drogas lícitas e ilícitas, há diversos outros vícios perturbando a atenção de quem busca o desenvolvimento intelectual. Pode parecer estranho, mas há pessoas viciadas em exercício físico (vigorexia). Esse transtorno afeta 12% da população mundial e, um percentual entre 35% e 42% dos frequentadores de academias.

Ressalvas

Iniciando as ressalvas, tenho que dizer que a preguiça de uns é a oportunidade de outros. Criam-se novos mercados, novas funções, novos negócios e novas fontes de renda/receita. Os alertas que faço aqui são em dois sentidos:

  1. Que a contínua vontade em não aprender a realizar atividades leva a não fabricação de itens e insumos ligados à ela ou ao seu encarecimento, seguindo a lei da oferta e demanda.
  2. Dada a automação dos processos, ligada a esses novos negócios (IoT), cada vez menos pessoas trabalham nesses novos espaços. Tudo é automatizado ou autoatendimento.

Tudo isso leva à precariedade da renda de uma grande “massa” e à desvalorização do conhecimento em geral.

E, antes que você diga que sou um ludista, um inconformado com o avanço da tecnologia, um troglodita tecnológico, já adianto que tenho um smartphone, uso redes sociais, assisto vídeos e utilizo diversos aplicativos todos os dias, inclusive os de mensagens e joguinhos.

Os serviços que presto estão diretamente ligados a este universo digital. Como gestor de conteúdo tenho que conhecer o funcionamento das plataformas, analisar as novidades e perceber quais são mais adequadas para quais clientes.

Cada vez mais me policio para não perder tempo nestas atividades e “espaços”, que são feitos para te dar doses periódicas e incessantes de estimulantes (dopamina).

Analise comigo, quando você não consegue avançar em um jogo, quando você trava em uma fase e fica algum tempo sem utilizar, o que acontece quando você faz isso? Notificações periódicas “clamando” pela sua volta.

E quando você volta? Você “por milagre” consegue sobrepujar a tal fase e, então, continua a entregar seu tempo para aquele espaço. O mesmo com tudo o que você consome em matéria de aplicativos.

Doses sistemáticas, periódicas e incessantes de dopamina, o estimulante natural, que é tão viciante quanto adrenalina.

Certa vez eu li que “quando algum item é de graça, a mercadoria é você”. Sua atenção, seu tempo, sua dedicação.

Também não tenho nada contra o consumo. Sou um profissional do marketing, que é o grupo de “ferramentas” que as empresas usam para favorecer suas vendas. O que estou alertando neste texto é para que as decisões de compra sejam mais bem analisadas, que se reflita sobre a utilidade do que se está cogitando comprar para a vida de quem o utilizará e a quem ouvir para ser um influenciador no seu processo de compra. Outro dia vi (em uma rede social) que só existem influencers pois existem “idioters”. Pense nisso.

E, sim, há os bons e os maus influenciadores. Os bons e maus produtores de conteúdo. Há muito conteúdo educativo gratuito na internet, nas redes sociais, nos vídeos curtos… O problema é encontrar as boas fontes.

Não é a ferramenta, mas o uso que você faz dela. Até um coração de espuma pode matar se mal utilizado.

Antes de finalizar, é preciso apresentar algumas soluções e sugestões para iniciar um movimento em prol da extinção dessa preguiça.

Como deixar de ser uma sociedade perigosamente preguiçosa

A primeira sugestão é o autopoliciamento. Demora tempo (eu sei), mas é preciso criar um gatilho físico ou mental para você controlar o seu acesso às coisas fúteis. Um despertador, um contador de tempo, um limitador qualquer para o seu uso destas “facilidades”.

Fazer uma triagem criteriosa sobre os aplicativos – todos – que você tem instalado no smartphone é uma segunda sugestão. Existe uma ferramenta que contabiliza o tempo que você usa cada aplicativo todos os dias. Instale esta para auxiliar na sua análise, se necessário.

Existem, também, as ferramentas limitadoras de tempo de uso, que fica como uma terceira sugestão para que você se controle com relação ao uso do smartphone. Instale uma delas e use, sem sabotar sua iniciativa.

A sugestão número quatro é criar uma rotina, um cronograma de uso. Quando você fará uso do smartphone durante o dia? Qual faixa de tempo estará destinada a ele? Para quais atividades? Sim, precisamos nos comunicar, precisamos relaxar, precisamos ver o que está acontecendo no mundo. Então, para que seu tempo de “dedicação” seja otimizado, segue a sugestão número cinco: escolha – criteriosamente – suas fontes. Veja se os canais (e pessoas) que você acompanha (ou segue) nas diversas plataformas são válidos e te entregam conteúdo de qualidade, dentro das suas necessidades.

E, para finalizar, penso eu, as sugestões mais importantes: aprender coisas novas, utilizar o seu cérebro para realizar atividades mais gratificantes e elevadas. Aprender a realizar atividades (cozinhar, lavar roupas, dirigir e outras) que, além de contribuírem para a economia, te darão autonomia, independência e trarão o sentimento da autorrealização. Não é fácil e leva tempo, mas é gratificante perceber a evolução nos campos que você escolher.

O seu cérebro é o mais potente computador que existe, a sua inteligência real é muito mais eficiente que qualquer inteligência artificial. Basta saber programar essa poderosa ferramenta e a alimentar com boas informações.

Nisso você pode acreditar.

 

Este é um texto opinativo e estou aberto à críticas e a trocas sobre o seu conteúdo. Se você quiser, envie sua mensagem pelo formulário de contato, pelo WhatsApp ou envie um e-mail diretamente para site@marciokarsten.pro.br.