Dinâmica organizacional

James Thomson

James Thomson

Em sua obra, Thompson resgata os elementos estudados pela administração até então, até os escritos sobre racionalidade nas organizações de Gouldner e Simon, para embasar seu próprio estudo, que parte do pressuposto de que as organizações não são sistemas fechados, mas, sim, abertos, onde a previsibilidade e a racionalização – elementos típicos da burocracia – nem sempre (ou quase nunca) são possíveis.

Isto devido às organizações estarem situadas em ambientes complexos e incertos. Este fato contribui para a redefinição do conceito de organização como sendo “um conjunto de partes interdependentes que, juntas, formam um todo, porque cada uma delas contribui com alguma coisa e recebe alguma coisa do todo que, por sua vez, é interdependente com algum ambiente maior” (p. 20).

A contribuição dos estudos de Simon é crucial no momento em que afirma que uma das atividades chave da organização é a tomada de decisão, a escolha de um curso de ação dentro de um ambiente, sendo ela obrigada a estabelecer padrões e processo para procurar, aprender e, principalmente, decidir, dentro de uma racionalidade limitada, o que requer a mudança do critério de maximização para um critério de satisfação.

Thompson invoca os estudos de Parsons quando discorre sobre a localização dos problemas nas organizações abertas, pois esse apresenta três níveis distintos em uma organização: técnico, administrativo e institucional.

Apesar de os critérios de eficiência estarem ligados ao nível técnico da organização, não é lá que as decisões são tomadas, cabendo ao nível institucional esta competência. Desta feita, é necessária a remoção da maior quantidade possível de incertezas do núcleo técnico da organização. A intermediação entre as decisões do nível institucional e a diminuição das incertezas no nível técnico é competência do nível administrativo.

No segundo capítulo da obra, o autor aprofunda o debate acerca da racionalidade nas organizações, do ponto de vista técnico (racionalidade técnica), por a tecnologia ser “uma importante variável para a compreensão das ações de empresas complexas” (p. 30).

Na visão de Thompson, existem 3 variações tecnológicas a considerar:

  1. A tecnologia dos elos em sequência: caracterizada pela linha de montagem da produção em massa, é praticamente perfeita quando produz um único tipo de produto, de forma padronizada, repetitiva e constante.
  2. A tecnologia mediadora: requer um funcionamento dentro de modalidades padronizadas e extensivamente, sendo que a padronização de alguns procedimentos permite seu funcionamento.
  3. A tecnologia intensiva: tem por base uma série de técnicas para se conseguir uma adaptação em um objeto qualquer, mas a seleção da melhor combinação de técnicas é dada pelo próprio objeto, sendo a principal razão de sucesso depende da disponibilidade de todas as aptidões necessárias bem como da correta combinação das aptidões selecionadas e/ou exigidas pelo objeto.

Thompson também aponta os limites da racionalidade técnica, que acontece por conta de levar a um resultado desejado, sendo um instrumento perfeito quando se torna um sistema de lógica fechada, que contém todas e somente as variáveis relevantes, que resultaria, então, numa perfeição instrumental.

Sobre tal discussão, o autor levanta 5 proposições:

  1. Sob normas de racionalidade, as empresas procuram proteger seus núcleos técnicos das influências ambientais;
  2. Sob normas de racionalidade, as empresas procuram amortecer as influências do ambiente cercando seus núcleos técnicos de componentes de entrada e saída;
  3. Sob normas de racionalidade, as empresas procuram suavizar as transações de entrada e saída;
  4. Sob normas de racionalidade, as empresas procuram prever e adaptar as variações ambientais que não podem ser amortecidas ou niveladas;
  5. Quando o amortecimento, o nivelamento e a previsão não protegem seus núcleos técnicos contra as flutuações do ambiente, as empresas sob normas de racionalidade recorrem ao racionamento.

Com estas considerações, o autor conclui que “a racionalidade empresarial requer uma lógica de sistema aberto, pois quando a organização está aberta às influências ambientais, alguns dos fatores envolvidos na ação empresarial transformam-se em coações” (p. 39), sendo a racionalidade empresarial resultado de “(1) coações que a organização precisa enfrentar, (2) contingências que a organização precisa atender e (3) variáveis que a organização pode controlar” (p. 40).

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Referência

THOMPSON, James. Dinâmica organizacional. São Paulo: McGraw-Hill do Brasil, 1976. Prefácio e Caps. 1 e 2, p. 9-40.


Resumo confeccionado durante o programa de mestrado da UDESC/ESAG

Disciplina: Estudos Organizacionais
Professor: Dr. Mauricio C. Serafim