Modelo racional de organização

Robert Denhardt

Robert Denhardt

Neste capítulo do livro, Denhardt explora as organizações racionais, que possuem seus alicerces nos fatos, na eficiência.

Esta escola da administração teve como pensadores principais, Herbert Simon e Robert Dahl.

Herbert Simon, que foi um grande contestador dos princípios da administração, por perceber neles contradições, escreveu sobre a tomada de decisão, em um modelo racional, sendo para ele, este o cerne da própria administração. Simon argumentava que as decisões tomadas em um nível da organização levam à tomada de decisões nos outros níveis, “de alto abaixo na escala hierárquica do sistema de gestão” (p. 12). Seu método era baseado na tríade informação (identificar oportunidades para a tomada de decisão), design (desenvolver cursos alternativos de ação), e escolha (a seleção da alternativa de maior chance de sucesso).

Foi contestado por Charles Lindblom, que desenvolveu o método das sucessivas comparações limitadas, bem como por Graham T. Allison, que defendeu o modelo do processo organizacional de tomada de decisões.

Lindblom “mudou o foco dos estudos sobre tomada de decisão do nível político para o nível operacional, e ressaltou a tensão entre o comportamento racional e o comportamento real nos sistemas humanos” (p. 13). Seu modelo defendia que não é possível “escalonar por ordem de importância todos os valores dos objetivos relacionados a um dado problema” e que “as políticas públicas mais eficazes são aquelas que já estão em vigor e que foram acordadas por uma ampla gama de partes concorrentes interessadas” (p. 14).

O modelo do processo organizacional, defendido por Allison, “baseia-se na premissa de que são poucas as decisões governamentais importantes que constituem matéria exclusiva de um único órgão” e entende que “a organização está menos interessada em atingir metas ou objetivos específicos do que em operar dentro do quadro de um conjunto de restrições negociadas através de suas várias divisões” (p. 16).

Robert Dahl escreveu sobre o caráter não racional do comportamento humano, que se chocava com o modelo racional de organizações. Observou as várias dificuldades enfrentadas neste sistema, principalmente no que toca à observação positivista sugerida às ciências sociais, ao argumentar que “o campo da administração pública […] baseava-se numa preferência por valores particulares e […] pelo valor da eficiência” e que, por a eficiência ser um valor, “teria que competir com outros valores, tais como a responsabilidade individual e a moralidade democrática” (p. 6).

Em um segundo ponto do estudo de Dahl, ele “reconhecia que os problemas centrais da administração pública […] giram em torno de seres humanos” (p. 6) e que, por isso, “a adesão a esse modelo racionalista faz ignorar o fato de que os seres humanos nem sempre agem de maneira racional ou mesmo se comportam da forma mais eficiente no contexto das estruturas racionais” (pp. 6-7)

Ao final do capítulo, Denhardt aponta as diferenças entre sistemas abertos e fechados, baseado, em suma, pelos estudos de James D. Thompson, que sugeriu que os sistemas fechados se interessam “basicamente pela eficiência na consecução dos objetivos”, enquanto que no sistema aberto não há como “ter conhecimento completo de todas as variáveis que possam vir a influenciar a organização” (p. 17).

Thompson, em sua obra, procura conciliar os sistemas abertos e fechados a partir de três níveis: técnico (desempenho efetivo da tarefa real da organização), gerencial (mediação entre o grupo técnico e os clientes da organização e com a provisão dos recursos necessários à realização da tarefa técnica) e institucional (a relação existente entre a organização e o sistema social mais amplo do qual ela é parte).

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Referência

DENHARDT, Robert B. Modelo racional de organização. In: ________. Teorias da administração pública. 6.ed. São Paulo: Cengage Learning, 2012, Cap. 4.


Resumo confeccionado durante o programa de mestrado da UDESC/ESAG

Disciplina: Estudos Organizacionais
Professor: Dr. Mauricio C. Serafim