A miopia da educação brasileira

A miopia da educação brasileiraEste é o segundo texto da série, publicada em uma rede social. Neste, falo sobre a miopia da educação brasileira ou, a falta de centros de excelência

O que mais se ouve nas reportagens em que são informadas as existências de oportunidades profissionais (não gosto do termo “vaga”) é que falta mão de obra especializada.

Se analisarmos as oportunidades divulgadas, dificilmente encontra-se curso para tais em QUALQUER instituição de ensino profissionalizante ou de graduação.

Se você ainda não fez essa análise, convido a fazê-la.

Não existe escola para grande parte das oportunidades de emprego que estão sendo ofertadas e, então, claro que não haverá mão de obra (minimamente) capacitada. Quem dirá, especializada.

Faltam no Brasil iniciativas de educação técnica.

Enquanto as instituições de ensino (inclusive as técnicas) focam na moda “CURSO XYZ 4.0”, o mercado empregador ainda está no nível “0.5”. As oportunidades no universo 4.0 são escassas ao extremo. E, para se ensinar as técnicas 4.0, é preciso experiência neste nível. E onde se está adquirindo esta experiência? Somente nos livros? É pura retórica o que se passa aos alunos?

É preciso pé no chão. Cabeça nas nuvens e os pés no chão, como diz a música dos Engenheiros do Hawaii. Entre o “0.0” e o “4.0”, as empresas no Brasil estão, em média, no máximo, no “2.0”.

As empresas brasileiras, essas que estão anunciando suas oportunidades de emprego, precisam de pessoas que saibam fazer, não que tenham um monte de teorias.

Precisa-se, no Brasil, implementar o desenvolvimento de “centros de excelência”, como já havia. Por exemplo, qualquer jovem que se formasse, antigamente, na Escola Técnica Tupy, em Joinville (SC), tinha emprego garantido em qualquer fundição brasileira e, se soubesse alguma língua estrangeira, inclusive no exterior.

Mas, o que aconteceu com esse centro de excelência? A indústria de fundição ainda existe. Com suas adequações por conta do tempo, mas ainda existe e existirá por muito tempo.

O mesmo com outras profissões. Cozinheiros, costureiros, almoxarifes, zeladores…

Mão de obra capacitada demanda preparação de excelência.

O que seria o Centro de Excelência? Uma região do país que, por conta da demanda de mão de obra especializada em determinado setor, teria escolas próprias para desenvolver pessoal técnico para tal. Escolas boas, reconhecidas pela sua excelência, principalmente por conta dos contratantes dos seus egressos, que formariam, também, pessoas para as demandas menores de outras regiões. Os interessados as procurariam, não seria necessário abrir uma iniciativa em outro lugar.

Um exemplo: O estado de Minas Gerais é conhecido pela sua indústria queijeira. Que lá exista um Bolsão de Excelência em técnicos para essa indústria. Quem, do restante do Brasil, se interessar pela profissão, se desloca, se forma e retorna para trabalhar na sua área em outro estado/região brasileira.

Reforço: a determinação da excelência da escola seria o mercado, não uma iniciativa estatal/governamental. Desta forma, por parte da escola, uma cobrança aos professores no tocante à atualização e, por parte dos estudantes, um esforço maior em aprender e de cobrar do professor. E, ainda, uma exigência maior sobre o desempenho do aluno, pois o atestado de credibilidade é dado pelo mercado contratante.

Se eu (como profissional) sei que há demanda por uma determinada profissão, procuro o centro de excelência próprio para a minha necessidade, me formo (capacito) e retorno.

Isso valorizaria, inclusive, o profissional.

Desta forma, é preciso uma mão dupla nesta equação. Não somente o interesse do profissional na sua capacitação/formação, mas também da empresa contratante em reconhecer o esforço deste profissional com diferencial e remunerá-lo adequadamente.

Fica a ideia.

Este é um texto opinativo.

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