Uma breve aula sobre mercado de trabalho

Uma breve aula sobre mercado de trabalhoDepois da aula sobre lucro, a necessidade de voltar ao tema principal da sequência de postagens: a relação entre o mercado de trabalho e a educação brasileira. Aqui, faço uma breve aula sobre mercado de trabalho e as implicações da falta de qualificação da mão de obra nele.

Esta postagem é importante pois muitos falam de mercado de trabalho, mas poucos entendem o que é.

Parto da análise, primeiro, do termo MERCADO, isoladamente.

“Mercado” possui diversas significações. A mais comum é a de “um local onde se comercializam itens”, como o mercadinho da rua em que você mora, o supermercado do bairro.

Pode ser, também, um local em que diversos comerciantes se reúnem para oferecer seus produtos, como uma feira livre ou um feirão de automóveis.

Em um nível mais amplo ainda, existe a questão da união de países, retirando barreiras tarifárias entre eles, facilitando o comércio entre fronteiras, como o caso do Mercado Comum Europeu.

Com o tempo, surgiram novas tecnologias que levaram para o espaço virtual o comércio, surgindo as plataformas de comércio (ou market places).

Agora, onde eu realmente quero chegar é na questão de Mercado como sendo um cluster, a união de empresas de um determinado segmento ou setor. Nestes blocos estão o mercado calçadista, o mercado automobilístico e, por consequência, o mercado de trabalho.

Em qualquer uma dessas definições, da mais simples à mais complexa, a intenção dos “mercados” é facilitar a troca, onde um lado tem uma coisa que interessa ao outro e vice-versa.

É o conceito próprio de marketing, em que se deve (resumidamente) criar, comunicar e facilitar a troca, com a satisfação de todos os envolvidos. O conceito de marketing não menciona dinheiro, mas menciona a satisfação.

Não necessariamente, os elementos da troca devem envolver $$$, mas deve ser uma troca de caráter satisfatório para ambos.

Agora, o Mercado de Trabalho.

É a união das ofertas de trabalho que empresas de determinada região criam cujo elemento de troca é o talento dos indivíduos (a demanda). O mais curioso é que a empresa faz a oferta e é ela quem paga pelo uso depois.

A pessoa (adquirente) só entra com o seu talento, sua capacidade produtiva e todo o seu desenvolvimento até ali.

O QUE ESTÁ HAVENDO NO MERCADO DE TRABALHO?

As empresas participantes do mercado estão criando as ofertas, como sempre criaram, porém não está tendo resultados satisfatórios na troca, por conta de, principalmente, dois fatores.

O primeiro, como falado em outras postagens, é a não “aquisição” da oferta, por falta de capacitação mínima. Quer dizer, a “oferta” não tem “demanda” (leia mais abaixo). O que é bom para quem quer adquirir, pois valoriza o profissional, torna-o escasso no “mercado de trabalho”, sendo preciso ajustar a oferta (salário e benefícios para cima) para criar demanda, tornar a oferta mais atraente.

A segunda grande queixa das ofertantes é a não satisfação com a troca, isto é, a pessoa que adquire a oferta não entrega o que prometeu em troca. O que é ruim para a demanda, pois perde-se a confiança nos que adquiririam a oferta, sendo que esta, então, será ajustada para baixo, isto é, menores compensações. Tal como quando se trata com clientes inadimplentes.

O QUE NÃO SE ESTÁ ENTENDENDO?

Algumas coisas não estão sendo entendidas por quem quer adquirir uma dessas ofertas do mercado de trabalho, isto é, dos interessados nas oportunidades de trabalho disponíveis.

A primeira coisa é que ele tem que – realmente – fazer valer a sua contratação, isto é, tem que desempenhar a contento as suas atividades para que a troca seja satisfatória para todos os envolvidos.

A segunda é que algumas funções e/ou profissões ofertadas pelas empresas não possuem qualquer escola preparatória. Não existe escola para pedreiro, para auxiliar de serviços gerais, para zelador… as denominadas “tarefas menores”. Por isso, insisto na necessidade de Centros de Excelência de Ensino TÉCNICO.

Há também um descasamento entre o que se prepara e o que se procura. Não é por ter curso superior de Ciências Contábeis, Administração, Odontologia, Engenharias, Nutrição, Educação Física, Economia, Direito ou o que quer que seja, em uma região que, forçosamente, haverá oferta por parte do mercado de trabalho para tais funções nesta mesma região, naquele tempo.

O LADO DA DEMANDA

Precisa-se entender que DEMANDA, isto é, consumo e, neste caso, a parte adquirente da oferta realizada pelo mercado de trabalho, não é formada unicamente pelos interessados em ocupar a posição A, B ou C, pois interesse todos podem ter.

Estes interessados devem ter capacidade intelectual e operacional para atender os requisitos mínimos da oferta (não é só ter o certificado) e, em determinada região e tempo.

UMA (POSSÍVEL) SOLUÇÃO

Primeiro, como já deixei claro, a criação de Centros de Excelência em Ensino Técnico.

Uma outra linha seria a realização de testes vocacionais nos jovens que finalizam o ensino médio, melhorando o direcionamento de suas carreiras. Um trabalho que poderia ser conduzido nas escolas (públicas e privadas). Não em caráter taxativo, mas de orientação, pois sonhos existem e devem ser concretizados.

A terceira é melhorar a inteligência mercadológica dentro das instituições de ensino superior. Não é possível mais abrir curso atrás de curso sem inteligência competitiva, sem análise mercadológica apropriada, sem análise do “mercado de trabalho” da região.

É preciso uma aproximação entre as IES e as empresas, abertura, uma real quebra de barreiras e não somente retórica.

Por fim, cursos que mostrem saturação de mercado devem ser (pelo menos) suspensos. Não é possível mais ficar “despejando” ilusões no mercado de trabalho sem a oferta apropriada por parte deste. Nem todos nasceram para ser empreendedores e ter seu negócio próprio.

 

Este é um texto opinativo.

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